quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O meu livro

Uma Família Diferente é o título do meu primeiro livro para crianças que irá ser lançado nos próximos meses em formato ebook. 
Este livro surgiu a partir das muitas histórias que escrevi para os meus alunos em Portugal e porque numa das últimas escolas onde estive em Portugal, vivi inúmeras histórias das família, muito diferentes dos meus alunos, por isso, este livro é sobretudo um retrato do conceito de família dos nossos dias e como esse conceito pode ser aceite ou não por cada um de nós, porque na realidade, o que importa e como eu própria refiro no livro, é que cada família, independentemente da sua raça, religião ou tamanho dê o que de melhor tem aos seus com o amor e a liberdade necessários para seguir uma vida feliz e acreditando sempre que é possível superar as dificuldades.     
Esta é a história de um menino do futuro, João Gingão que vive com o avô Joaquim Pudim e o Robô Hermes. João Gingão nunca conheceu os seus pais, nem a sua história, mas um dia decide procurá-los, fazendo uma viagem à volta do mundo num aviofoguetão. Nessa viagem conhece diferentes crianças com famílias também elas muito diferentes.
 Esta narrativa pretende também trabalhar o conceito de multicuturalidade e a geografia dos diferentes países do mundo. 

A ilustração deste livro foi feita pelo Ricardo Jesus e a Rita Frutuoso, ambos trabalham em design na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha. 
Faço-lhes aqui uma menção honrosa porque desde o inicio que acreditaram muito neste projecto e trabalharam nele de forma absolutamente profissional. A eles um muito obrigado pelas fantásticas ilustrações. 

Writings of a Young Migrant: Teté

Ser emigrante não é fácil. E pronto, está dito aquilo que todos sabemos. Penso que ninguém precisa de sair do país para conseguir perceber que viver longe daqueles que amamos e dos lugares onde somos felizes não pode ser algo fácil. Eu sou uma emigrante recente, sendo que a minha primeira experiência de “estou-no-estrangeiro-não-percebo-nada-e-tenho-de-me-desenrascar-sozinha-socoooooorro!” foi há uns anos, em Erasmus, em França. Na altura o choque foi grande e o medo imenso, mas calejou-me para este meu regresso ao país das baguetes há cerca de nove meses atrás. Ora este meu regresso a um país estrangeiro mostra uma de duas coisas: ou sou absolutamente louca (que não sou) ou afinal de contas ser emigrante não é fácil mas também não é nada que nos mate. :)
Começo já por dizer que sou uma naba no que toca a línguas, tendo ainda por cima um dom especial para com simples trocas de letras dizer palavrões em vez das palavras sérias que pretendo. Falar com alguém é sempre uma experiência em que eu só rezo para que da minha boca estejam a sair as palavras que o meu cérebro pensa. Também faço trocadilhos que depois deixam lembranças engraçadas. E tenho a certeza que ainda direi muita asneira e deixarei muita gente confundida. O que me acalma é pensar que não sou com certeza a única a fazer estas figuras.
A comida foi também outra coisa que me deu voltas à cabeça. Bem, estou a ser optimista porque verdade seja dita ainda dá voltas à cabeça. Sei lá eu os nomes dos peixes em francês! Os nomes dos condimentos! Os nomes dos legumes! Para ser sincera, a experiência no supermercado é um pouco de “deixa-cá-levar-isto-e-descobrir-o-que-é”. Tenho ali um molho para tacos quando na verdade nunca fiz tacos na vida. E já dei por mim num restaurante a espetar o garfo em coisas manhosas e a pensar “Ora, raios, então mas aquilo não queria dizer cogumelos?”.
As pessoas e a sua maneira de ser dependem do país para onde vamos. Na minha opinião, os franceses não são um povo simpático, não gostam de estrangeiros (embora tenham um tolerância bastante elevada para com os portugueses e gostem até da nossa maneira de trabalhar) e não sabem cozinhar (bem que me enganaram com a famosa cuisine francaise! Está bem está, quando aprenderem a fazer sopa como deve ser, voltamos a falar). Enfim, é verdade que não apanham tanto sol como nós e isso deve explicar grande parte do mau-humor quotidiano, mas ainda assim, há excepções, como as há em Portugal. A senhora dos Correios por exemplo é um amor de pessoa que se esforça por me compreender e me corrige quando digo algo errado. Já a da farmácia olha para mim como se cheirasse a peixe. Há de tudo como em Portugal.
Deixo por último as saudades. Eu sou uma pessoa que lida bastante bem com as saudades e por isso estas não me traziam um receio muito grande. Claro que as tenho e metade do meu coração está em Portugal ao pé da minha família e dos meus amigos. E sinto essa metade definhar quando falto a acontecimentos importantes, datas festivas ou quando simplesmente me farto de ainda não ter amigos aqui e quero deitar-me no chão e fazer uma birra tão grande que os tele-transporte a todos para aqui no minuto seguinte. Felizmente vivemos numa época moderna e temos das melhores invenções do mundo à disposição: a internet. Viva os e-mails, viva o facebook, e três vivas para o Skype!

Ser emigrante não é fácil, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. :) Não é o país em que estamos se decide se somos corajosos ou felizes, mas sim nós. E se temos a coragem para deixar o nosso Portugal à procura de algo melhor, então também somos capazes de ser felizes onde quisermos.

Sigam a Teté no blog: http://andolaporfora.blogspot.co.uk/

Writings of a Young Migrant: O início


A partir de hoje vou começar a publicar regularmente no meu blog um post de um convidado blogger. A primeira ronda de posts convidados no meu blog serão jovens emigrantes. Porquê?
Porque existem inúmeros jovens emigrantes portugueses emigrados ou com planos para emigrar que têm uma palavra a dizer, uma experiência a contar. Para além disso tenho sido contactada por vários jovens portugueses para pedir informações, opiniões. Porém, enquanto alguns emigram porque a necessidade assim os obriga outros pensam que a maior dificuldade está em tomar a decisão definitiva.
Porque, ler uma história inspiradora, ajuda-nos sempre na decisão final e porque dar um  passo é sempre para andar em frente....
O primeiro post convidado será da Teté do blog Ando lá por fora...volto já. Emigrou no final do ano passado para França e relata muito da sua experiência no blog.
Passem por lá e partilhem porque há sempre alguém a precisar de ouvir uma boa história.

http://andolaporfora.blogspot.co.uk/

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Hoje estou num guest post no blog The Busy Woman and the Strippy Cat

Uma nota para dizer que hoje estou num guest post no blog The Busy Woman and the Strippy Cat.
Chama-se "A vida simples de pessoas reais." Vão lá dar uma espreitadela.

http://busywomanstripycat.blogspot.co.uk/2013/08/a-vida-simples-de-pessoas-reais-catia.html

À minha mãe que me ensinou a ler.

Chega o Verão e abrem-se os livros que até aí não houvera tempo para desfolhar. Passam-se as folhas uma após outra e engolem-se as letras como não houvesse amanhã. No Verão, o tempo pára e eu posso ler cada palavra, cada linha, cada página, cada capítulo, cada livro sem pressa e com a calma de quem está de férias.                                                                                                                                                         
Lembro-me como se fosse hoje daquela infância em que a minha mãe passava todo o tempo a ler como se não houvesse amanhã. Nessa altura não havia stresses, não havia pressões, havia apenas o dia seguinte. E eu podia passar o tempo a olhá-la, cheia de curiosidade, sobre aquilo que se passava naquelas páginas, que a minha mãe só deixava quando terminasse a última letra. E foi assim que em mim surgiu o bichinho da leitura. 
Não há palavras para descrever o prazer da leitura. Ela transporta-nos para outro mundo , ela faz-nos sonhar, ela faz-nos olhar o mundo com outros olhos; com os olhos de alguém que sente nas palavras o prazer de uma vida simples.
Ler é como se parássemos esta vida e vivêssemos outra vida que não é a nossa...
Porque quando chega o Verão a vida corre mais devagar, sem pressa do tempo que está para vir. Existe apenas a pressa de chegar ao fim de uma outra vida, que é um livro.


À minha mãe que me ensinou a ler. 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Minimalismo

Descobri o minimalismo através de uma reportagem online do Diário de Notícias:
http://www.dn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=3275609
Até aí nunca tinha ouvido falar no minimalismo como forma de vida. Na verdade quando se é emigrante, como eu, o valor das coisas passa a ser pouco relevante e vivendo-se numa cidade como Londres, onde habitualmente se partilha casa com várias pessoas, não há lugar ao consumismo. Vivemos com o suficiente e vivemos muito felizes.
Para mim o minimalismo é algo que vamos aprendendo com o nosso dia-a-dia se de facto o quisermos transformar, é como adquirir um hábito para ser feliz, porque ser feliz é uma forma de estar na vida.
Existem coisas tão simples que nos podem fazer feliz, porque quererá esta sociedade fazer-nos querer que a felicidade está na quantidade de coisas que temos.
Ser feliz é acordar de manhã com um beijo,
Ser feliz é ler um livro à luz do sol
Ser feliz é rir até não mais poder,
Ser feliz é uma boa jantarada com os amigos,
Ser feliz é caminhar sem saber o nosso destino,
Ser feliz é ir à praia,
Ser feliz é. agradecer todos os dias a nossa felicidade.
A felicidade está nas pequenas coisas que nós fazemos todos os dias e é delas que nos vamos lembrar para sempre.
Esta crise económica que assola a Europa tem, apesar de tudo o que a envolve, ensinado muita gente a ser minimalista, não na verdadeira acessão do movimento, mas muito se tem vindo a aprender sobre as verdadeira importância da vida e das suas prioridades. Que te interessa ter uma mansão ou um bom carro se tens uma dívida com o banco o resto da tua vida. Que te interessa ter uma casa grande, cheia de objectos, se depois não consegues usufruir deles, porque andas em permanente stress.Que te interessa ter um guarda roupa cheio de roupa, quando só usas meia dúzia de peças e quando à tanta gente a precisar de uma peça para vestir.
Quero querer que o mundo vai começar a caminhar num novo sentido e que vamos encontrar a nossa felicidade no valor das pequenas coisas.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Lembras-te da primeira carta que te escrevi?

Lembras-te da primeira carta que te escrevi? Eu lembro! Lembro-me de a ler e reler num banco de jardim para ter a certeza que tudo o que sentia era dito em palavras escritas. Lembro-me que depois dessa vieram outras, que eu li e reli e que juntas escrevem uma bonita história. Sempre tive dificuldade nas palavras ditas, mas palavras escritas sempre fluíram, como se uma pena ao sabor do vento se tratasse.  Palavras, palavras... Agora, tenho sempre tanta coisa para dizer e tão pouca para escrever. Ás vezes apetece-me escrever, escrever, escrever, mas não consigo decidir, escrever o quê? Sempre que me apetece escrever penso em ti, penso em ti porque tu sempre disseste "Tens de escrever um livro!". Quando penso no livro penso sempre na primeira folha, a dedicatória: "Ao MEU AMOR que foi o primeiro a acreditar neste livro". Mas continuo sem saber o que escrever... Talvez esteja quase, talvez esta carta seja o mote para  começar. Talvez já saiba que o primeiro livro será inevitavelmente para crianças, talvez saiba que tu serás o primeiro a lê-lo , talvez saiba que amanhã poderei começar a escrevê-lo.
Sabes há um velho lema de vida que diz que há três coisas que temos de fazer na vida, para nos sentirmos realizados: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro ( por esta ordem). Eu penso sempre neste lema ao contrário: começarei por escrever um livro, depois plantarei uma árvore e por fim talvez tenha um filho.
Gostaria tanto de ser escritora como gosto de ensinar. acho apaixonante poder passar alguns dias a dedicar-me só a ler e a escrever, falta encontrar aquele mote para seguir em frente.
Porque me apetece muito escrever, mas ainda não sei muito bem o quê decidi escrever-te para te dizer obrigado por acreditares sempre em mim, mais talvez que eu própria acredito.
Tenho saudades e gosto tanto de ti