terça-feira, 3 de setembro de 2013

Como se constrói um grande amor

Esta é uma história inventada mas podia muito bem ser real.

Quando fizemos aquela viagem nunca imaginaríamos que as nossas vidas iriam mudar naquela que era a nossa viagem de lua-de-mel.
Na verdade, nós não tínhamos casado, mas passados 15 anos de uma vida conjunta onde aprendemos a construir o amor, decidimos então que este era o tempo de o comemorar, fazendo uma viagem de lua de mel.
A Costa Rica foi o destino escolhido porque é a combinação perfeita entre a natureza e a praia, porque o seu clima é agradável o ano inteiro. Queríamos um lugar onde pudéssemos explorar as florestas e as praias desertas. Este era o nosso paraíso escolhido.
No primeiro dia na Costa Rica fiz uma entorse no pé enquanto nos deslumbrávamos com a vida selvagem no Parque Natural de Tortuguera.
Um dos nossos guias responsáveis levou-me até ao hospital mais próximo. Foi aí que começou a nossa verdadeira história de amor. Até aquele momento tínhamos construído uma relação baseada na confiança, amizade e respeito mútuo e apesar de todas as dificuldades passadas o amor tinha conseguido sobrepor-se.
Após a saída do hospital em que tive conhecimento que nada e grave me tinha acontecido, fomos passear por um dos maravilhosos parques florestais daquele lugar. Aí encontramos um grupo de crianças, onde se destacava um menino de cabelo castanho e tez morena. Aquele menino tinha apenas três anos e parecia a criança mais feliz do mundo.
Mas não era, aquela criança sofria de uma grave doença degenerativa que lhe afectava os principais órgãos do corpo. Aquela criança que parecia a mais feliz do mundo, teria sido abandonada pela família e necessitava de cuidados médicos permanentes para o resto da sua vida que poderia ser muito curta.
Na verdade, todas as pessoas que algum dia encontraram aquela criança se apaixonaram por ela, mas na Costa Rica não era permitida a adopção de crianças por estrangeiros.
Terminou a nossa fantástica lua-de-mel e regressamos a Portugal com o pensamento de que afinal o nosso amor tinha sido construído naquela viagem.
Enquanto o rumo natural da sociedade é o casamento, os filhos que vemos nascer do ventre da mãe após 9 meses de gestação e depois vemos crescer numa família de sangue. Nós escolhemos não casar e mesmo assim ter uma lua-de-mel para comemorar o nosso amor após 15 anos juntos e que a nosso família seria construída com uma criança que não iria nascer do nosso sangue, mas pela qual iríamos ter um amor igual ao de um filho nascido de dentro de nós, porque família é aquela que se constrói, cria e dá amor.
Iríamos procurar um filho e adopta-lo, porque naquela viagem uma criança nos ensinou que um grande amor é aquele que sai do nosso coração e que assim também se constrói um grande amor.